terça-feira, 29 de maio de 2012

O tráfico negreiro e a demografia africana

Foram os árabes que iniciaram o tráfico africano, a partir do século XVI  ele passou a abastecer de mão de obra as colônias europeias na América. Os escravos africanos eram mercadoria valiosa nas plantações brasileiras, antilhanas e norte-americanas.
Até o século XIX, quando se extinguiu o tráfico, cerca de quinze milhões de africanos foram capturados e transferidos por negociantes árabes ou europeus. As vítimas geralmente eram jovens do sexo masculino.Do lado social o intenso tráfico desestruturou famílias, clãs e tribos africanas. Visto do lado demográfico, provocou verdadeira sangria, entre 1651 e 1851, a população do continente permaneceu estagnada.
Os portos da zona do Golfo da Guiné, funcionaram como principal fonte de escravos para o comércio atlântico, contribuindo com quase 80% de todas as transferências. Na África Oriental, os portos de Zanzibar e Moçambique forneceram escravos para o tráfico árabe e europeu. Os traficantes árabes continuaram a atuar na orla meridional do Saara, onde tinham estabelecido entrepostos de escravos séculos antes.
O tráfico de escravos para a América superou em muito as transferência de cativos para o mundo árabe. Os traficantes luso-brasileiros, instalados principalmente no Rio de Janeiro, continuaram com esse tipo de negócio mesmo após a independência do Brasil.
Eram os próprios chefes africanos que capturavam seus povos para negociá-los, e isso tornou-se importante fonte de renda para  os líderes de clãs e tribos africanas.Foi em meados do século XIX que a Inglaterra começou a investir contra a repreensão e escravos. Em 1807 o tráfico ficou proibido,. Em 1815 o Congresso de Viena decretou proibição geral, isso criou conflitos diplomáticos e diversos incidentes navais entre Reino Unido e o Império do Brasil, que sustentou o tráfico até a Lei Eusébio de Queiroz em 1850. As rivalidades entre tribos, clãs e os ressentimentos gerados pela caça e captura e escravidão de milhões de seres humanos ainda hoje não foram apagados. Os atuais estados africanos, cujos contornos emergiram da vontade das potências imperialistas europeias, englobam etnias diversas, muitas vezes separadas pelo passado sombrio da comercialização de escravos.

Texto extraído do livro Geografia- A construção do Mundo.
Autores- Demétrio Magnoli- Regina Araújo.
Editora- Moderna.
1º Edição- São Paulo, 2005.